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A RÁDIO ARTE

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Ao longo de sua história o rádio transformou-se e amoldou-se como meio de comunicação às necessidades de seu tempo. O futuro do rádio tornou-se uma grande polêmica nas áreas de comunicação e jornalismo. Opiniões diversas pressupõem desde sua completa extinção até sua transmissão de imagens e informações em nossos celulares por satélite.

Através de seu locutor e por sua fonte de informação menos patrocinada, o rádio sempre transmitiu mais fidelidade aos ouvintes que outros meios de comunicação. Pessoas costumam também ligar o rádio em seus lares por solidão e outros para aprender, descobrir as músicas e as notícias do momento. A partir do avanço tecnológico na área de comunicação, as programações de rádio adotaram mais iniciativas culturais, apresentando programa de entrevistas, estilos musicais, cobertura de eventos culturais, recheados de história e educação musical. ele foi direcionado econômica e ideologicamente como como meio de comunicação de massa, no formato de no diários, entretenimento, música e esportes(LUCENTINI, ).

A Unesco lembra que o rádio continua a ser o meio de comunicação mais dinâmico, reativo e atraente que existe e vai se adaptando às mudanças do século XXI, enquanto oferece novas formas de interação e participação. Segundo o órgão da ONU, numa época em que as redes sociais e a fragmentação do público podem agrupar pessoas com os mesmos interesses em bolhas, o rádio está em uma posição única para aproximar as comunidades e incentivar o diálogo positivo com vistas às transformações.  Ao escutar os seus ouvintes e responder às suas necessidades, o rádio oferece diversidade de opiniões e vozes necessárias para enfrentar os desafios que afetam a todos. O especialista da Unesco para o Desenvolvimento Midiático e Sociedade, Tim Francis, afirma: “O rádio tem o poder de nos tirar das nossas bolhas midiáticas de pessoas com a mesma opinião e nos faz lembrar da importância de ouvir uns aos outros novamente”.

A Pesquisa Brasileira de Mídia 2016 aponta que, no país, 35% da população escutam rádio todos os dias, a maioria por aparelhos de rádio tradicionais (63%), mas também pelo celular (17%), no carro (14%), por aparelhos tipo MP3 player (4%) e pelo computador (2%). No país, há mais de 9.900 emissoras comerciais e educativas e quase 5 mil rádios comunitárias outorgadas. Isso sem falar nas webradios e emissoras não oficiais, cujo número é impossível precisar. (PRATA, 2017).

Gradualmente artistas e produtores começaram a considera-lo não só como ferramenta, mas também como parte de um processo artístico. As primeiras evidências de radio como arte  sobre o rádio como arte aparecem nos escritos visionários de Khlebnikov, no manifesto futurista La Radia de Marine e Masnata. A radiante compartilha a mesma historia com a criação da musica concreta, iniciada por compositores italianos, cujo interesse pela radiodifusão levou para a criação de obras contemporâneas para radio compostas especialmente para este. Filippo Tommaso Marinetti criou algumas peças de radiofônicas dentre elas as Cinque Sintesi dal Teatro Radiofônico:

 

https://www.youtube.com/watch?v=WwjBbYrHMkw

 

O artigo La Radia, adicionado ao experimentalismo de Marine, enfatizava a nova sensibilidade inerente a experiência moderna. Através de um mundo sem tempo, espaço, ontem e amanhã, ondas sonoras podiam oferecer uma arte humana, cósmica e universal. A rádio arte futurista utilizaria as características do suporte - interferências, estáas e geometria do silêncio - na batalha e provocações ante aos valores convencionais impregnados nesse veículo de arte e comunicação.

Na década de 20, surge na Alemanha a Hörspiel (peça radiofônica), que marca uma das primeiras experiências radiofônicas com a linguagem dos meios de transmissão pelo rádio. Em 1924, após um ano do início das transmissões radiofônicas na Alemanha, Hans Flesch [1896-1945], pioneiro alemão da radio art nos anos 20, cria o Enchanted Radio. Nesse período, Flesch (Fig.1) foi diretor ar s co da Southwest German Radio em Frankfurt. Em 1929 torna-se diretor da Radio Berlim, onde encomendou a Walter Ruhmann "Weekend “.

 

https://www.youtube.com/watch?v=KVZVpAVfZ6M

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A Hörspiel define-se como um tipo de peça de áudio ou obra acústica que apresenta muitos aspectos e fusões de gêneros tradicionais construída: a literatura, a música e a arte dramática. A realização acústica do texto e da partitura sonora é construída por textos falados, diálogos, ruídos, música e manipulações sonoras.

Maurizio Kagel afirma que a Hörspiel é baseada na arte do playback e o que a diferencia da música tradicional é a possibilidade que construir a ‘literatura magnética’ através da mediação tecnológica em uma mesa de som.

John Cage, que em 1979, recebeu a encomenda para a confecção da peça radiofônica Roartorio nos estúdios Akustische Kunst da WDR 3, em Colônia, sob a direção do teórico da Ars Acustica Klaus Schoening.

A história das Hörspiel, ou radio arte, é marcada pela convivência entre uma estética técnico-artística vanguardista em dialogo com um meio de comunicação de acesso livre a todos.

Este é o desafio proposto a oito compositoras, cujas diferentes experiências e habilidades coincidem na busca por novas perspectivas de produção musical e igualdade social. Oito obras inéditas relacionadas à temática foram encomendadas e serão executadas na capela Santa Maria por um profissional grupo de músicos, regente e produtores. Depois, essas músicas integrarão quatro programas de rádio, cada qual com uma hora de duração, que serão transmitidos por várias emissoras, em abril de 2018.

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